quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ciclista X Ônibus

Relato de um amigo ciclista.

O que ocorreu com ele já havia ocorrido comigo e acredito que com muitos outros ciclistas.

A bicicleta e o transporte público são mobilidades de transportes com grande capacidade para solucionar e melhorar o trânsito de Blumenau.

As leis que regem o nosso trânsito, e estas tratam com razão a bicicleta como veiculo de tração humana, dão preferência sobre os demais veiculos e que local de veiculo é na via, não encima da calçada, salvo quando e onde regulamentado pelo poder público.

Um trânsito melhor só ocorrerá quando os mais fortes observarem os outros como seres humanos e iguais.


Segue relato:


Pessoal, estou enviando neste momento este e-mail ao Santa... Apenas repassando, uma vez que ele provavelmente não se tornará público!!!!!!


Bom dia, caros editores do Jornal Santa Catarina. Com imenso pesar, sinto-me obrigado a lhes enviar esta e-mail, que mais deverá lhes parecer um apelo. Meu nome é Thiago Gilli, tenho 23 anos, sou trabalhador e estudante universitário. Amante do ciclismo há anos, vi-me tentado a abrir mão do conforto do carro, o qual, apesar da escolha ainda mantenho em minha garagem, para tornar-me um adepto inveterado da bicicleta. Sem dúvida a opção me tornou uma pessoa 200% mais feliz e não tenho qualquer inclinação para retornar ao velho hábito enlatado de dirigir. Ao menos não por opção.

A questão é que, como ciclista, você se torna exposto às barbáries e ignorância daqueles que se dizem donos da rua, ou porque pagam mais IPVA, ou porque simplesmente são maiores que você. Há cerca de 3 meses um dos ônibus da glória (número 1101, em uma terça feira às 22:00) quase passou por cima de mim, literalmente. O episódio foi na entrada da rua santa Catarina, pela rua São Paulo. Apesar da situação, julguei que não seria adequado fazer a queixa do motorista à empresa, uma vez que a curva que dá acesso à rua é muito fechada e a rua é estreita. De qualquer forma, independente desta situação proporcionada pelo má disposição da rua, não se pode remover a parcela de culpa do motorista, o qual não respeitou a lei de trânsito cabível na situação, mas enfim, relevei.

Contudo, hoje, dia 26 de agosto, por volta das 07:20, fui protagonista, por assim dizer, da gota d´água da minha indignação como ciclista, como cidadão e como ser humano. Ao me dirigir à universidade pela rua 2 de setembro, fui deliberadamente fechado e sobrepujado por mais um dos que se dizem “motoristas” da empresa nossa senhora da glória. O respeitável senhor, conduzindo nada mais do que um dos seus inúmeros “roncadores amarelos biarticulados”, o qual não me recordo o número (1110 ou 1117), me disse ao abrir a porta e me ver parado à sua frente, “VOCÊ NÃO OUVIU A BUZINA???”, o que me faz ter a breve impressão de que, além de ter me visto previamente, ainda fez questão de demonstrar que tinha a intenção de ignorar a lei que rege a circulação do ciclista em vias urbanas, e até a própria ética e respeito ao próximo.

Apesar de entristecido com a situação, ainda tive o desprazer de ouvir de um dos passageiros que adentrava ao veículo, também um senhor mas sem a obrigação que leva um motorista de conhecer determinadas leis de trânsito, que “a calçada fica aqui, lugar de ciclista é na calçada”, claramente demonstrando desconhecimento do CTB, Art. 58, bem como o Art. 201.

Gostaria de saber porque apenas os motoristas da Glória têm esta capacidade inata de ignorar as leis de trânsito e a segurança dos transeuntes? A Empresa não lhes concede treinamento? Até onde eu sei, é necessário passar por uma bateria de exames e testes antes que se possa obter o porte de armas! Só espero que este desabafo tenha alguma repercussão no sentido de mover as autoridades e os responsáveis pela empresa citada, em tomar alguma atitude que solucione este problema e torne a convivência entre ciclistas, pedestres e veículos automotores mais harmônica, respeitável e humana.

Tomando emprestada a frase utilizada por uma colega: “

Só existem dois dias do ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo...”
(Dalai Lama)

Um comentário:

  1. Não é tão difícil pegar o código de trânsito e ver as leis que regem o trânsito, o que existe é má-vontade dessas empresas e de algumas pessoas, que esqueceram que existe vida humana lá fora(nas ruas). Estão encurraladas em seus carros, pressionados, estressados com o trânsito, e isso os motoristas de ônibus sofrem mt. O importante é tentar conversar, conscientizar e reivindicar nossos direitos perante as autoridades competentes. Boa iniciativa esse email.

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