sexta-feira, 20 de agosto de 2010

TRÂNSITO DE BLUMENAU EXPÕE UM DRAMA: FUTURO SERÁ INVIÁVEL SEM CONSCIENTIZAÇÃO COLETIVA

No site Análise em Foco, um excelente editorial sobre o trânsito de Blumenau.


Link: Análise em Foco.

Segue Matéria:


TRÂNSITO DE BLUMENAU EXPÕE UM DRAMA: FUTURO SERÁ INVIÁVEL SEM CONSCIENTIZAÇÃO COLETIVA
Quinta-Feira, 19 de Agosto de 2010



Foto: Daniel Zimmermann

A foto que ilustra este editorial, obtida pelo repórter Daniel Zimmermann, diz bem mais do que se poderia dizer aqui, mesmo que com todas as palavras do vocabulário. Ela traduz, em uma imagem, todo o drama que se vive hoje nas cidades de grande porte do país, e que agora começa a atormentar também as de médio porte.


O cidadão reclama do transporte público, alegando que ele é ruim e caro. De fato é. Reclama das obras públicas que não saem, mas das que saem também, como no caso do recapeamento asfáltico da Avenida Sete de Setembro, em Blumenau, que tem ocasionado congestionamentos na região central. E reclama com razão, pois o sistema viário da cidade direciona todo o fluxo para o Centro e impede o cidadão de locomover-se pelas regiões periféricas do município. Quem precisa, ou quer, ir das Itoupavas, no Norte, para o Grande Garcia ou Progresso, no Sul, terá que passar pelo Centro, não há alternativa.


A reclamação da vez, agora, é de que os corredores de ônibus, a serem implantados em vias de Blumenau, causarão transtornos ao fluxo de automóveis. E é provável que realmente causem, pois a capacidade de vazão destas vias será reduzida, obviamente.


A única alternativa possível para fugir do estresse causado pelo trânsito e pelo transporte púbico insatisfatório, hoje, é caminhar ou usar a bicicleta. Iniciativa, aliás, de apelo não apenas logístico, mas também fisiológico, considerando que os benefícios destas duas práticas para a saúde humana são enormes.


Quantos de nós, contudo, deixam o carro em casa ou caminham cinco ou seis quilômetros por dia para ir ao trabalho ou qualquer outro compromisso? Nem todos poderiam faze-lo, é evidente, pois há quem percorra distancias bem maiores para cumprir seus afazeres.


Mas, se todos os que podem, e não são tão poucos assim, fizessem-no, quantos automóveis sairiam das ruas? O fluxo do trânsito, como consequência, melhoraria bastante, assim como o custo e a qualidade do transporte público, que tem no consumo de combustível e manutenção de equipamentos um dos itens mais dispendiosos da planilha de custos. Melhorando, os coletivos atrairiam mais usuários, diluindo ainda mais o preço da passagem. Um ciclo virtuoso, em que todos ganhariam.



HUMANIDADE PRECISARÁ FAZER OPÇÕES COLETIVAS, E NÃO INDIVIDUAIS


É importante lembrar também que as somas elevadíssimas de recursos aplicados em investimentos de infraestrutura urbana deixam de ir para saúde, educação, cultura, lazer, qualificação profissional. Se exigimos do poder público que faça mais ruas, erga mais viadutos ou perfure mais túneis, para que possamos gozar do conforto e do regozijo que um automóvel nos dá, temos que saber que estamos abrindo mão de outras demandas criadas pela vida em sociedade.


Por isso, há que se ter discernimento nesta hora, e, principalmente, humildade para reconhecer erros. O poder público não está fazendo a sua parte – poderia investir mais, por exemplo, em mídias de conscientização e divulgação do uso da bicicleta (talvez não o faça porque precisa arredar IPVA).


Mas nós, cidadãos, também não estamos fazendo a nossa. Somos egoístas, apegados por demais e doentiamente ao sentimento de poder e status. Andar de bicicleta é feio, denigre a imagem, sugere desqualificação financeira e social. Suscita vergonha, olhares atravessados, inflexões muitas vezes jocosas. Infelizmente, esse tipo de avaliação existe.


E as bicicletas do Consórcio Siga, colocadas em estações públicas para integrar o sistema de transporte coletivo em Blumenau, são prova disso. Neste caso, contudo, são prova também de que o poder público, apesar da iniciativa de disponibilizar o sistema para os blumenauenses, precisa fazer mais.


Precisa investir em mídias de divulgação do serviço e conscientização do cidadão. Afinal, quase ninguém sabe exatamente como funciona o sistema nem sua exata importância para a sociedade.



Os veículos de comunicação também esqueceram o assunto, ou, no mínimo, deram enquadramento errado a ele, explorando somente a noção de que a ideia falhou. Mas é preciso debater por que ela ainda não deu certo.


Simplesmente porque precisará dar. Vai ficar caro demais bancar nosso conforto individual com a expansão da malha viária. Vai ser impeditivo, ante às outras demandas que a vida em sociedade irá gerar. Asfalto vai ser coisa politicamente incorreta, borracha também. Consumo de energia e exploração de recursos naturais mais ainda, poluição nem se fala.


Vamos ter que fazer nossa parte para a vida se manter possível no Planeta e nas cidades. Por isso é melhor começar logo, para já ir acostumando. Pense nisso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário