25/01/2011 | N° 12159
OPINIÃO DO SANTA
Fracasso lamentável
Lamentalvelmente, não deu certo a tentativa de implantar em Blumenau um sistema de locação de bicicletas que funcionasse como alternativa de deslocamento aos veículos automotores. A medida, bem recebida e elogiada à época do lançamento, em setembro de 2009, fracassou devido à baixa procura. Seja pela burocracia para alugar uma bicicleta, seja pela inexistência de uma malha cicloviária adequada, é imprescindível que os segmentos envolvidos avaliem cuidadosamente as razões do insucesso de uma modalidade de transporte que representa o que há de mais moderno em termos de mobilidade urbana. Até porque, mais cedo ou mais tarde, Blumenau vai ter de recorrer a ela.
Projeto de ampliação das ciclovias será mantido, garante Seterb Investir em ciclovias como transporte alternativo para aliviar o trânsito de carros na cidade é uma das bandeiras do governo do prefeito de Blumenau João Paulo Kleinübing. Uma demonstração disso é o Programa de Desenvolvimento Urbano Blumenau 2050 que prevê a construção de 145 quilômetros de malha cicloviária no município. O presidente do Seterb, Rudolf Clebsch, diz que isso não mudou:
– A posição do governo não foi alterada. Entendemos que o sistema cicloviário é fundamental. Apenas este modelo não deu certo.
O secretário municipal de Planejamento, Walfredo Balistieri, foi procurado ontem pelo Santa para falar sobre a política de incentivo daqui em diante, mas não retornou aos telefonemas da reportagem. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, ele ou o prefeito João Paulo Kleinübing vão falar hoje sobre o assunto.
OPINIÃO: Ciclistas são vistos como empecilho
Bicicleta, só se for particular
Burocracia e falta de conexão entre ciclovias são apontadas como determinantes para o fim do serviço
BLUMENAU - Um ano e quatro meses depois da implantação dos terminais de locação de bicicletas, o Consórcio Siga desativou o serviço. Numa reunião quinta-feira, a prefeitura, a empresa prestadora do serviço a Serttel , o Consórcio Siga e o Seterb, avaliaram que a operação ficou inviabilizada pela baixa procura pelo aluguel do meio de transporte. No dia seguinte, foram recolhidos os equipamentos.
Para o Consórcio Siga, os blumenauenses não aderiram ao serviço porque o sistema de locação era burocrático demais. O presidente do Seterb, Rudolf Clebsch, disse que a prefeitura ainda não avaliou os motivos da baixa demanda, mas admite que a necessidade de utilizar o telefone celular, a internet e o cartão de crédito para efetuar a locação foi um dos problemas que dificultaram a adesão.
– Sem dúvidas, a tecnologia limita o uso do equipamento– disse Clebsch, ao ressaltar que nem todos os interessados têm acesso aos aparelhos necessários para liberar a bicicleta.
Para usar o serviço, o cidadão precisava primeiro preencher um cadastro na página na internet da empresa, escolher por qual período pagaria pelo uso (hora, diária, mensal e anual). Depois, o usuário ia até a estação de aluguel e ligava via celular para pedir a liberação da bicicleta. Os custos variavam de R$ 3, por uma hora de utilização, até R$ 100 pelo passe anual.
Apesar de atribuírem à baixa procura pelas bicicletas a desativação do serviço, nem Seterb nem Consórcio Siga souberam informar o número de locações feitas durante o período no qual o sistema funcionou. De acordo com a autarquia e o Consórcio, é a Serttel quem tem estes dados. O dono da empresa foi procurado pela reportagem para falar sobre o assunto ontem à tarde, mas não foi encontrado. O contrato de um ano com a Serttel terminou em setembro e não foi renovado pelo Consórcio Siga. Nos últimos quatro meses, a empresa só recebia por bicicleta alugada.
ABC Ciclovias diz que falta conexão entre as pistas exclusivas
Cinquenta bicicletas foram disponibilizadas para Blumenau em setembro de 2009, quando o serviço foi implantado. Quatro meses depois, a média de locação não chegava a quatro por dia. O presidente do Consórcio Siga, Humberto Sackl, diz que o sistema nunca deu lucro.
– A demanda era quase zero. O sistema era muito sofisticado – avaliou Sackl.
O presidente da Associação Blumenauense Pró-Ciclovias (ABC Ciclovias), Eldon Egon Jung, engrossa o coro de quem culpa a burocratização do sistema pelo baixo uso das bicicletas. No entanto, também critica a falta de conexão das ciclovias de Blumenau. São 43 quilômetros atualmente, mas o projeto original prevê 145 quilômetros no total, incluindo a união do centro com todos os bairros.
– Se depois de desenvolver todo o projeto colocarmos as bicicletas de aluguel, pode ser que dê certo. Do jeito que está não é atrativo para o ciclista – disse.
raquel.vieira@santa.com.br
RAQUEL VIEIRA
Para o Consórcio Siga, os blumenauenses não aderiram ao serviço porque o sistema de locação era burocrático demais. O presidente do Seterb, Rudolf Clebsch, disse que a prefeitura ainda não avaliou os motivos da baixa demanda, mas admite que a necessidade de utilizar o telefone celular, a internet e o cartão de crédito para efetuar a locação foi um dos problemas que dificultaram a adesão.
– Sem dúvidas, a tecnologia limita o uso do equipamento– disse Clebsch, ao ressaltar que nem todos os interessados têm acesso aos aparelhos necessários para liberar a bicicleta.
Para usar o serviço, o cidadão precisava primeiro preencher um cadastro na página na internet da empresa, escolher por qual período pagaria pelo uso (hora, diária, mensal e anual). Depois, o usuário ia até a estação de aluguel e ligava via celular para pedir a liberação da bicicleta. Os custos variavam de R$ 3, por uma hora de utilização, até R$ 100 pelo passe anual.
Apesar de atribuírem à baixa procura pelas bicicletas a desativação do serviço, nem Seterb nem Consórcio Siga souberam informar o número de locações feitas durante o período no qual o sistema funcionou. De acordo com a autarquia e o Consórcio, é a Serttel quem tem estes dados. O dono da empresa foi procurado pela reportagem para falar sobre o assunto ontem à tarde, mas não foi encontrado. O contrato de um ano com a Serttel terminou em setembro e não foi renovado pelo Consórcio Siga. Nos últimos quatro meses, a empresa só recebia por bicicleta alugada.
ABC Ciclovias diz que falta conexão entre as pistas exclusivas
Cinquenta bicicletas foram disponibilizadas para Blumenau em setembro de 2009, quando o serviço foi implantado. Quatro meses depois, a média de locação não chegava a quatro por dia. O presidente do Consórcio Siga, Humberto Sackl, diz que o sistema nunca deu lucro.
– A demanda era quase zero. O sistema era muito sofisticado – avaliou Sackl.
O presidente da Associação Blumenauense Pró-Ciclovias (ABC Ciclovias), Eldon Egon Jung, engrossa o coro de quem culpa a burocratização do sistema pelo baixo uso das bicicletas. No entanto, também critica a falta de conexão das ciclovias de Blumenau. São 43 quilômetros atualmente, mas o projeto original prevê 145 quilômetros no total, incluindo a união do centro com todos os bairros.
– Se depois de desenvolver todo o projeto colocarmos as bicicletas de aluguel, pode ser que dê certo. Do jeito que está não é atrativo para o ciclista – disse.
raquel.vieira@santa.com.br
RAQUEL VIEIRA
Projeto de ampliação das ciclovias será mantido, garante Seterb
– A posição do governo não foi alterada. Entendemos que o sistema cicloviário é fundamental. Apenas este modelo não deu certo.
O secretário municipal de Planejamento, Walfredo Balistieri, foi procurado ontem pelo Santa para falar sobre a política de incentivo daqui em diante, mas não retornou aos telefonemas da reportagem. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, ele ou o prefeito João Paulo Kleinübing vão falar hoje sobre o assunto.
Sou da opinião de que não houve por parte do poder público uma ampla e continuada divulgação das vantagens deste meio de transporte. Não teve continuidade das ciclovias já concluídas e nem foi implantada uma rede cicloviária baseada em critérios técnicos. Outro detalhe importante e que merece uma reflexão séria, é o fato de que muitos motoristas e motociclistas ainda enxergam o ciclista como empecilho no trânsito. Porém, em muitos casos se trata de um veículo a menos, facilitando o fluxo dos demais motorizados. Pedalei até o Acre e lá as ciclovias funcionam perfeitamente. Penso que o que compromete a utilização da bicicleta em nossa região, em ciclovias ou não, é o risco de sermos atropelados pelo fato de que muitos desconsiderarem o ciclista, inclusive não respeitando a distância mínima entre o veículo e a bicicleta.
PEDRO WILSON BERTELLI| Ciclista e professor de Biologia da Furb
PEDRO WILSON BERTELLI| Ciclista e professor de Biologia da Furb
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